Na Alemanha, continua sem parar o confronto muro contra muro e o consequente debate na Igreja alemã para dar mais espaço às mulheres dentro das estruturas e das hierarquias.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 03-02-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A teóloga Agnes Wuckelt, voz de autoridade e ouvida, propôs uma espécie de roteiro em três etapas para facilitar o percurso feminino.
Wuckelt enviou um projeto para a assembleia sinodal promovida pelo episcopado para se chegar a um plano de verdadeiras reformas: para começar, é preciso partir de uma plataforma unitária a ser criada durante o congresso bienal que ocorre em Frankfurt.
Até agora, diversos bispos e dioceses fizeram notáveis progressos nessa direção e já investiram as mulheres em cargos de responsabilidade nas estruturas diocesanas, embora as mulheres permaneçam fora da celebração da missa e da efetiva gestão das paróquias. Esse é o “telhado de vidro” a ser destruído.
Wuckelt, representante da poderosa Associação Alemã de Mulheres Católicas (Katholische Frauengemeinschaft Deutschlands, KDFB), faz parte de um grupo que está redigindo uma espécie de estatuto a ser submetido à assembleia. A agência de notícias dos bispos, KNA, divulgou todas as passagens em construção.
O segundo degrau a ser subido diz respeito ao pedido formal ao Vaticano de habilitar as mulheres ao diaconato, um assunto controverso que se arrasta com milhares de polêmicas desde os tempos de Paulo VI, mas que voltou a circular com o Papa Francisco, que prometeu reabrir o caso.
Naturalmente, o tema é causa de maus humores em todos os setores mais conservadores, que afirmam que as aberturas nessa direção apenas minam o poder sacerdotal.
A terceira passagem proposta pela teóloga alemã é fazer com que a assembleia vote o sacerdócio feminino. Uma espécie de teste decisivo para entender que outros passos devem ser dados.
Ao mesmo tempo, foi divulgado um documento conjunto a favor do sacerdócio feminino por várias associações católicas femininas de várias nacionalidades: a federação alemã KDFB, a do sul do Tirol, a suíça e a austríaca.
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